domingo, abril 26, 2015

Inaugurado no Aljube o Museu da Resistência e Liberdade

Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.
Lisboa, Cadeia do Aljube, 1 de Janeiro de 1940
Miguel Torga

O Museu do Aljube, apresentado como "um espaço de memória e de evocação da luta pela liberdade e da resistência à ditadura em Portugal", foi inaugurado no dia 25 de Abril de 2015 na antiga prisão política da ditadura, em Lisboa.
O edifício foi entregue em 25 de Abril de 2009 pelo Ministério da Justiça à Câmara de Lisboa. O projeto de adaptação da antiga prisão é dos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira. Concluído o projeto arquitetónico, seguiu-se o programa de conteúdos expositivos. Este novo museu municipal instalado na antiga cadeia do Aljube, pretende apresentar um retrato alargado da história contemporânea portuguesa, cobrindo múltiplos aspetos da resistência contra a ditadura e da luta pela liberdade.


Presume-se que o Aljube tenha sido uma prisão política a partir de 1928. Aí eram encarcerados, interrogados e torturados pela polícia política os presos do sexo masculino. Nos anos 40 do século passado, o espaço acolheu muitos dos presos políticos durante a fase de interrogatório, que decorria geralmente na sede da polícia política do regime do fascismo (PIDE), na rua António Maria Cardoso, em Lisboa. 


Pelas celas do Aljube, como presos políticos, passaram Alfredo Caldeira, Alfredo José da Costa, Álvaro Cunhal, António Borges Coelho, Arlindo Vicente, Artur Pinto, Carlos Brito, Crisóstomo Teixeira, Domingos Abrantes, Edmundo Pedro, Fernando Rosas, Francisco Miguel, Francisco Paula de Oliveira (Pável), Henrique Galvão, Hermínio da Palma Inácio, Hipólito dos Santos, Jaime Serra, Joaquim Pinto de Andrade, José Luís Saldanha Sanches, José Manuel Tengarrinha, José Mário Branco, José Medeiros Ferreira, Mário Lino, Mário Soares, Miguel Torga, Nuno Teotónio Pereira, Raúl Rêgo, Urbano Tavares Rodrigues, Vasco Granja.

Evadiram-se da cadeia do Aljube: Emídio Guerreiro, Filipe José da Costa, Heitor Rodrigues, José dos Santos Rocha, José Severo dos Santos e Manuel Sanches Dias, 4 de Abril de 1932; Francisco Paula de Oliveira (Pável), 23 de Maio de 1938; Hermínio da Palma Inácio, 16 de Maio de 1948; Américo de Sousa, Carlos Brito e Rolando Verdial, 25 de Maio de 1957. Morreram na cadeia do Aljube, Manuel Vieira Tomé, 21 para 22 de Abril de 1934, e Vítor da Conceição, 8 de Maio de 1934. 
A cadeia foi encerrada em 1965.
De acordo com o projeto inicial, o Museu do Aljube, Resistência e da Liberdade, terá exposições temporárias (piso 0), exposições permanentes (pisos 1 e 2), uma reconstituição das celas de isolamento que ficaram conhecidas por "curros" (piso 2), um centro de documentação (piso 3) e um auditório e cafetaria (piso 4).

1 comentário:

  1. André Pires27/06/16, 15:32

    Dois casais estivemos hospedados num apartamento situado no alto desta escadaria, porém não nos demos conta do museu... que pena! E dizer que estávamos aí no 25 de abril de 2016...

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